MULHERES ASSUMEM TRABALHOS MAIS PESADOS EM SANTO ANTÔNIO DO PINHAL

Em Santo Antônio do Pinhal (SP), um grupo de mulheres mostra sua força, literalmente, no trabalho, erguendo bloquetes e até paralelepípedo e deixando muitos homens de queixo caído.

Elas são servidoras da prefeitura e estão à frente em duas das obras mais pesadas da cidade: a pavimentação com bloquetes no bairro Cassununga e os serviços de drenagem e colocação de guias e sarjetas no bairro Barreiro.

Elas se revezam nas obras de pavimentação, além do trabalho na roçada e na manutenção de praças e jardins da região central da cidade.

Santo Antônio do Pinhal é uma estância climática, movimentada pelo turismo na Serra da Mantiqueira. As opções de trabalho na cidade geralmente são do ramo de hotelaria, comércio e serviços, além do quadro de servidores da Administração Municipal.

Mas elas preferem “pegar no batente” mesmo. “Eu já trabalhava em construção e com madeira com meu esposo. O lugar da mulher é onde ela quiser. A mulher pode ser o que quiser”, declara com largo sorriso a ajudante geral Natália Barbosa, de 39 anos, enquanto carrega a pilha de bloquetes sob o sol.

Natália, que está há dois meses no serviço, também deixa um recado importante: “É uma canseira boa. É bom para a autoestima”.

ALINHANDO PARALELEPÍPEDOS -- “Não tenho paciência de ficar limpando casa, passando paninho em tudo. Eu gosto é desse serviço. Me dou bem aqui. Você olha (depois de concluído o trabalho) e pensa: conseguimos!”, disse Beatriz Santos Oliveira, de 31 anos, que começou no serviço de varrição de rua ano passado e hoje alinha paralelepípedos nas obras da cidade.

Sim, ela levanta um paralelepípedo sozinha. E ela cuida da casa dela, sim. Apenas não gosta de trabalhar profissionalmente com atividades domésticas. “Me sinto útil aqui na obra e tenho capacidade. Com esse trabalho eu mantenho meus dois filhos”, finaliza Beatriz.

Sem dúvida, todas têm capacidade. O que reforça a capacidade dessas mulheres é o resultado do último processo seletivo para ajudante geral na prefeitura, há cerca de três meses. As mulheres foram maioria entre os interessados e aprovados.

Ao todo 12 mulheres trabalham como ajudante geral nessas frentes de trabalho mais pesado. O contrato é por tempo determinado, podendo ser renovado por até dois anos.

Na obra do bairro Cassununga, por exemplo, estão à frente sete mulheres e apenas dois homens, sendo que um deles é operador de máquina.

Suzi Dayane Brandão, de 28 anos, também há dois meses no serviço da prefeitura, também prefere o trabalho na pavimentação e por estar perto das amigas.

“No começo achei um pouco pesado, mas já acostumei. A gente trabalha, se diverte e nem vê a hora passar. Prefiro ficar ao ar livre ao invés de trabalhar em local fechado”.

Yeda Stefanni, de 28 anos, decidiu trocar o trabalho numa padaria pelo serviço de colocação de bloquetes em ruas este ano. “Eu sabia que seria um serviço mais pesado, mas sempre gostei disso por que já trabalhei como servente (de pedreiro). Nós somos capazes e inspiramos outras mulheres”, disse Yeda.

Todos os trabalhos de pavimentação de Santo Antônio do Pinhal contam com dezenas de trabalhadores e servidores da prefeitura, e muitos já atuam há vários anos, incluindo os homens. São pessoas que não medem esforços para concluir uma rua ou estrada rural levando mais qualidade de vida aos moradores e às pessoas que desfrutam das belezas da cidade.